(Por Simon Kamm, Agência Lusa. In “Expresso Online”)
Lisboa, 02 Ago (Lusa) - Um em cada quatro cães não recebe qualquer tipo de assistência médica-veterinária em Portugal, onde a despesa com animais de estimação é 33,8 por cento inferior à da UE-15, revelam dados apresentados por especialistas nacionais.
Peritos em saúde animal estimam que em Portugal existam "cerca de um milhão e meio de cães", dos quais 25 por cento "não beneficiam de qualquer tipo de assistência médica-veterinária".
Referem também que, quando comparado Portugal com outros países europeus, os donos portugueses gastam "menos 33,8 por cento por animal de companhia que na UE-15", sendo também "menor o número de animais tratados: gatos -7,1 por cento e cães -11,1 por cento".
Estimativas que não surpreendem o bastonário da Ordem dos Veterinários, Sameiro de Sousa, nem a Associação Portuguesa de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia (APMVEAC).
"Lamentavelmente isto não é novidade. Há uma grande percentagem de animais que não são submetidos a qualquer avaliação sanitária periódica", refere o bastonário, lamentando que, em Portugal, não se "aposte mais em medidas preventivas".
O médico-veterinário Cláudio Mendão explica que apesar de os portugueses "terem melhorado no consumo de produtos de saúde animal", um inquérito realizado em clínicas demonstrou que "existe uma grande franja da população que não faz qualquer tipo de prevenção e só vai ao veterinário quando tem o animal doente".
E muitos dos que vão "gastam apenas uma unidade de desparasitante por animal, quando deveriam usar mais", refere, lembrando que isto pode potenciar "a disseminação de parasitas e a consequente transmissão de doenças, como a febre da carraça e a leishmaniose canina".
Doenças que, segundo a investigadora Gabriela Santos Gomes, do Centro de Malária do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa, tem "vindo aumentar devido a factores como as alterações ambientais".
"Actualmente é muito difícil dizer quando é que a transmissão começa e quando acaba, já que existem nove ou mais meses de maior perigo, quando no passado eram apenas seis [Março até Setembro]", explica.
Quanto aos casos detectados em Portugal, Cláudio Mendão relativiza: "O número de casos detectados em animais é maior do que há uns anos, mas também estamos mais despertos para estas situações".
"O que se pode dizer com certeza é que não se tem verificado um retrocesso", acrescenta, lembrando que o ideal seria que se começasse com a prevenção "antes de aparecerem os parasitas, em Fevereiro".
A par da falta de prevenção regular e do 'factor clima', refere a APMVEAC, o aumento de cães vadios é outro factor que tem motivado a maior propagação destas doenças.
Segundo Cláudio Mendão, além de uma maior aposta na prevenção, deveria existir "um controlo e intervenção mais eficazes por parte das câmaras municipais, já que nem todos os cães recolhidos recebem assistência veterinária".
Dados da Organização Mundial de Saúde referem que cerca de 62 por cento das patologias humanas são transmitidas por animais e que as crianças, grávidas e pessoas com o sistema imunitário debilitado são os grupos mais vulneráveis ao contágio.
Lisboa, 02 Ago (Lusa) - Um em cada quatro cães não recebe qualquer tipo de assistência médica-veterinária em Portugal, onde a despesa com animais de estimação é 33,8 por cento inferior à da UE-15, revelam dados apresentados por especialistas nacionais.
Peritos em saúde animal estimam que em Portugal existam "cerca de um milhão e meio de cães", dos quais 25 por cento "não beneficiam de qualquer tipo de assistência médica-veterinária".
Referem também que, quando comparado Portugal com outros países europeus, os donos portugueses gastam "menos 33,8 por cento por animal de companhia que na UE-15", sendo também "menor o número de animais tratados: gatos -7,1 por cento e cães -11,1 por cento".
Estimativas que não surpreendem o bastonário da Ordem dos Veterinários, Sameiro de Sousa, nem a Associação Portuguesa de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia (APMVEAC).
"Lamentavelmente isto não é novidade. Há uma grande percentagem de animais que não são submetidos a qualquer avaliação sanitária periódica", refere o bastonário, lamentando que, em Portugal, não se "aposte mais em medidas preventivas".
O médico-veterinário Cláudio Mendão explica que apesar de os portugueses "terem melhorado no consumo de produtos de saúde animal", um inquérito realizado em clínicas demonstrou que "existe uma grande franja da população que não faz qualquer tipo de prevenção e só vai ao veterinário quando tem o animal doente".
E muitos dos que vão "gastam apenas uma unidade de desparasitante por animal, quando deveriam usar mais", refere, lembrando que isto pode potenciar "a disseminação de parasitas e a consequente transmissão de doenças, como a febre da carraça e a leishmaniose canina".
Doenças que, segundo a investigadora Gabriela Santos Gomes, do Centro de Malária do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa, tem "vindo aumentar devido a factores como as alterações ambientais".
"Actualmente é muito difícil dizer quando é que a transmissão começa e quando acaba, já que existem nove ou mais meses de maior perigo, quando no passado eram apenas seis [Março até Setembro]", explica.
Quanto aos casos detectados em Portugal, Cláudio Mendão relativiza: "O número de casos detectados em animais é maior do que há uns anos, mas também estamos mais despertos para estas situações".
"O que se pode dizer com certeza é que não se tem verificado um retrocesso", acrescenta, lembrando que o ideal seria que se começasse com a prevenção "antes de aparecerem os parasitas, em Fevereiro".
A par da falta de prevenção regular e do 'factor clima', refere a APMVEAC, o aumento de cães vadios é outro factor que tem motivado a maior propagação destas doenças.
Segundo Cláudio Mendão, além de uma maior aposta na prevenção, deveria existir "um controlo e intervenção mais eficazes por parte das câmaras municipais, já que nem todos os cães recolhidos recebem assistência veterinária".
Dados da Organização Mundial de Saúde referem que cerca de 62 por cento das patologias humanas são transmitidas por animais e que as crianças, grávidas e pessoas com o sistema imunitário debilitado são os grupos mais vulneráveis ao contágio.