domingo, 24 de agosto de 2008

Mais um verão que passa. Mais um ano que passa. Para os animais de Portugal, tudo continua essencialmente na mesma. Até quando?

Mais um verão que passa. Mais um ano que passa. Para os animais de Portugal, tudo continua essencialmente na mesma. Péssimo. Infernal, na verdade. Até quando continuará a ser assim? Depende de cada um de nós...

Estamos a atravessar, novamente, um dos períodos mais negros do ano para os cães e gatos do país – o das férias de quem, tendo-os sob a sua (ir)responsabilidade, cedo e sem complexos se dispõe a “desfazer-se” do animal cuja confiança trai e cuja vida condena, simplesmente porque este se torna um inconveniente. Se há algo que mudou neste campo em Portugal, não foi para melhor. Presentemente, o abandono de animais assume muitas outras formas e tem muitas outras causas, diferentemente do que acontecia há alguns anos. Alergias ou outras condições de saúde supostamente inconciliáveis com a convivência com animais, a mudança de emprego ou de casa, ou a simples perda de vontade / interesse em manter o animal em casa, são apenas algumas das causas hoje comuns do abandono de animais, sendo estes muitas vezes entregues nos canis municipais onde, já se sabe, os municípios se encarregarão de os liquidar impiedosamente – alegando, claro, a falsa necessidade de o fazer, sem que tenham feito qualquer trabalho no sentido de promover a adopção responsável de animais, de dissuadir a criação massiva destes ou de punir e prevenir combativamente o abandono, a negligência e os maus tratos.

Este verão está, como todos aqueles que lhe precederam, a ser péssimo para os animais do país. Além dos cães e dos gatos, também os touros e cavalos estão, todas as semanas, em vários dias e por todo o país, a ser vítimas de uma das mais indecentes e horrendas formas de tortura e terror de que os animais são vítimas: as touradas. Estas vão tendo lugar, aqui e ali, desde logo com o apoio do Estado, que continua a atirar milhares e milhares de euros para a indústria tauromáquica, financiando grupos de forcados, outras instituições tauromáquicas, contratando e pagando eventos tauromáquicos, co-financiando-os, promovendo a tauromaquia de outras maneiras, incluindo através da RTP, entre outras formas de promoção que o Estado, através da administração central e dos municípios, adopta para defender a tauromaquia – contra a moral e contra o que a maioria absoluta dos portugueses quer.

Também neste verão, mais uma vez, os animais escravos dos circos voltam a experienciar este pico de actividade circense nas zonas balneares do país, naquela que – devido ao eventual interesse de alguns turistas nestes espectáculos deprimentes, degradantes e cruéis – é a segunda grande época da actividade dos circos com animais, a seguir à época do Natal. Acorrentados, enjaulados, mantidos em confinamento intensivo, leões, tigres, primatas de diversas espécies, ursos, elefantes, póneis, cavalos, póneis, burros, cães e outros animais continuam a viver entre o medo, o tédio, a angústia permanente de não poderem ser aquilo que naturalmente seriam, a privação e a violência que vão rotineiramente sofrendo. Para eles, neste país onde nada parece mudar, o inferno e o vale-tudo continuam.

Estes são apenas três exemplos do martírio diário de milhões de animais em Portugal. Trata-se de um martírio que não mudará enquanto cada uma das pessoas que com eles se preocupa não tomar posição, decisiva e activa, contra as injustiças de que são vítimas.

“Os animais são meus amigos. E eu não como os meus amigos”, afirmou em tempos o dramaturgo britânico George Bernard Shaw. Com esta afirmação tão simples quanto justa, George Bernard Shaw deixou clara a ideia de como não é possível respeitar os animais e, ao mesmo tempo, comê-los e/ou participar de qualquer forma na sua exploração. O primeiro e mais fundamental passo que cada indivíduo pode e deve dar para de facto respeitar e proteger os animais é deixar de ser beneficiário do monstruoso e massificado ciclo de exploração dos animais que é o mundo de hoje. Tal implica necessariamente ser vegano, ou seja, ser integralmente vegetariano, rejeitando o consumo de qualquer alimento de origem animal (saiba porquê e como em www.SejaVegetariano.org e em www.AnimaisExcepcionais.org), rejeitando também usar qualquer tecido de origem animal (pele, pêlo, lã ou seda) e qualquer produto que contenha ingredientes animais e/ou que tenha sido testado em animais. Ser vegano é rejeitar, da forma mais completa e comprometida possível, a exploração e violentação de animais, começando por rejeitar usar, e/ou beneficiar de, qualquer produto que tenha resultado da exploração e/ou violentação de animais.

Além deste passo vital que define, pragmaticamente, a compaixão pelos outros animais, há outros passos extremamente importantes que cada indivíduo também pode e deve dar, nomeadamente no contexto português, para ajudar a mudar a situação dos animais de Portugal:

· Por favor continue a recolher assinaturas a favor de uma nova lei de protecção dos animais, formulada enquanto Código de Protecção dos Animais. Até 15 de Setembro, por favor envie para a ANIMAL (para o Apartado 24140, 1251-997 Lisboa) todas as folhas de petição que tiver com assinaturas. Até lá, por favor continue a promover esta petição (que pode descarregar e imprimir – sempre com o frente e verso do documento na mesma folha – a partir de http://www.manifestoanimal.org/images/documentos/peticao_por_um_codigo_de_proteccao_dos_animais.pdf) e peça a todas as pessoas que conhece (desde que sejam cidadãs portuguesas ou cidadãs estrangeiras residentes em Portugal, com idade igual ou superior a 18 anos a 1 de Outubro de 2008) que assinem esta petição de importância fulcral para os animais de Portugal.

· No dia 2 de Outubro (5.ª feira), a partir das 19h30m, em frente à Praça de Touros do Campo Pequeno, participe na Grande Manifestação Nacional Contra as Touradas. Pela abolição das touradas em Portugal, para que os touros, outros bovinos e os cavalos não mais sejam vítimas das touradas, por favor PARTICIPE e DIVULGUE. A ANIMAL organizará transporte gratuito (ida e volta) a parir de várias zonas do país. Para mais informações e/ou para se inscrever para beneficiar do transporte, por favor contacte campanhas@animal.org.pt.

· No dia 4 de Outubro (Sábado), Dia Mundial do Animal, participe na Marcha Nacional Por um Código de Protecção dos Animais Moderno, Eficaz, Progressista e Justo e Pelo Fim dos Crimes Sem Castigo diária e impunemente cometidos contra os animais em Portugal. A concentração inicial será às 15h em frente à Praça de Touros do Campo Pequeno, de onde a marcha arrancará, em direcção à Assembleia da República. A ANIMAL organizará transporte gratuito (ida e volta) a parir de várias zonas do país. Para mais informações e/ou para se inscrever para beneficiar do transporte, por favor contacte campanhas@animal.org.pt.

· Participe activamente nestas iniciativas decisivas e divulgue-as o mais possível. A triste e injusta situação dos animais de Portugal só mudará realmente se os amigos dos animais forem, de facto, os seus mais activos defensores.

A partir de Outubro, a ANIMAL estará apostada em levar a Assembleia da República a, de uma vez por todas, pôr em dia as dívidas do Estado Português para com os animais de Portugal. O mínimo que o Estado Português e a sociedade portuguesa devem aos animais do país é estabelecerem um Código de Protecção dos Animais formulado nos termos propostos no “Manifesto ANIMAL – Proposta Orientadora para um Código Português de Protecção dos Animais”. E cabe a cada um de nós fazer tudo o que puder para levar a Assembleia da República a cumprir este dever civilizacional.

Por favor, participe neste esforço. Não se esqueça de que, da sua participação, depende o sucesso deste esforço para melhorar o estado da protecção dos animais de Portugal. “Nunca duvide de que um pequeno grupo de cidadãos comprometidos e empenhados pode mudar o mundo. De facto, é a única coisa que o tem mudado”, como afirmou a antropóloga Margaret Mead.