quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Defensor Moura compra Praça de Touros de Viana

(Por Paulo Julião. In “Diário de Notícias”, 28 de Janeiro de 2009)

Viana do Castelo. Redondel só recebia um espectáculo tauromáquico por ano

A Câmara Municipal de Viana do Castelo é, desde ontem, proprietária da Praça de Touros da cidade, através de um pagamento simbólico de pouco mais de cinco mil euros e que vai permitir acabar com as touradas na cidade, através da demolição daquele edifício.

O negócio foi feito, reconheceu o autarca Defensor Moura, por um "valor simbólico" e "depois de muitos meses de negociação" com os promotores privados proprietários do empreendimento, que há muito tempo recebia apenas uma tourada por ano. O declínio da actividade tauromáquica naquela praça foi mesmo o principal motivo que precipitou a venda, depois de, durante mais de um século, a tourada ter estado intimamente ligada a Viana do Castelo. O que agora chega ao fim.

"Em princípio grande parte do edifício vai abaixo, as bancadas não têm qualquer utilização para o equipamento que vamos instalar. Nesta altura ainda não sabemos se se vão manter as paredes exteriores", afirmou o autarca, que prevê instalar um Centro de Ciência Viva no local.

Para aproveitar a proximidade ao Parque Urbano, onde funciona o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental, a autarquia pretende estabelecer uma espécie de roteiro de pólo para visitas escolares, onde se incluiu ainda o navio-museu Gil Eannes.

A compra da Praça de Touros pela autarquia (por 5127,74 euros) representa o fim das touradas em Viana do Castelo, que remontam a 1871, integradas na Romaria da Senhora d'Agonia. Para Defensor Moura, Viana do Castelo "não tem tradição" como outros locais do País, pelo que "nos dias de hoje não se justifica o sofrimento destes animais".

Posição que lhe valeu duras crítica de amantes da tauromaquia de todo o País. Até ao final do ano, acrescentou, a obra de reconversão do espaço deverá avançar para concurso público. "Ainda não sabemos quanto vai custar, até porque depende do número de pisos que o espaço terá e o tipo de material a utilizar", referiu.

A tradição tauromáquica na cidade era tal que, em 1909, um grupo de aficcionados fundou o Viana Taurino Clube, instituição que ainda hoje resiste, mas já com poucas raízes da actividade tauromáquica, que também foi decrescendo ao longo dos anos. Nos últimos anos, o "redondel" da Argaçosa, junto ao rio Lima, na Meadela, recebia praticamente apenas uma tourada por ano, precisamente na altura da Romaria.

O actual edifício foi construído em 1949 e tem uma pequena capela no interior. A Praça de Touros de Viana do Castelo, agora com a sentença de morte passada, tem 4900 lugares e 18 camarotes.