quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Breve mas Imperativo Esclarecimento da Associação ANIMAL
Caras/os Activistas,
A comunicação que ora vos dirigimos, e que, confessamos, preferíamos encontrá-la como desnecessária, prende-se apenas com uma questão de honestidade, que cremos dever-vos, não tendo qualquer intenção de fomentar guerras entre instituições e/ou pessoas. Sabemos que seremos acusados disso, mas mais importante do que querermos manter-nos livres de acusações é sermos abertos e honestos para com quem nos tem apoiado ao longo dos anos.
No passado dia 28 de Julho assistimos a um passo muito importante na Defesa dos Direitos dos Animais: o Parlamento da Catalunha proibiu as touradas. Nesse mesmo dia, a ANIMAL anunciou que, em Setembro próximo, lançaria uma inédita campanha pela abolição da tauromaquia em Portugal, que, incluiria, entre outras actividades, uma recolha de assinaturas (os moldes da campanha seriam anunciados em Setembro). Era portanto, do conhecimento geral, que a referida campanha estaria em preparação, tendo até esta sido divulgada pelos media, nas redes sociais, no Blog da ANIMAL, e ainda nos protestos semanais em frente ao Campo Pequeno.
Na segunda-feira de manhã, chegou um e-mail à ANIMAL, vindo da parte da Comissão Coordenadora do Projecto para um Partido Pelos Animais (PPA), a informar-nos do lançamento de uma petição para a abolição das touradas…e, como seria natural, ficámos sem perceber porque é que tal sucedia, se já havia o anúncio de uma actividade semelhante. Assim, e com vista a esclarecer a dúvida, a ANIMAL entrou em contacto com o representante da referida Comissão, que, mais surpreendentemente ainda, veio a informar esta Associação de que era verdade que sabiam que a ANIMAL tinha feito esse anúncio há semanas atrás, e que, ainda assim, decidiram avançar, duplicando esse trabalho, apenas porque a ANIMAL “pensa que é a dona da causa animal em Portugal”. Foi, portanto, deliberado, e agora assumido, este acto que somente conseguimos apelidar como de má-fé. Não entendemos porque é que, ao verem tornada pública esta notícia não se dirigiram à ANIMAL dizendo que queriam fazer algo semelhante, que estariam a pensar nisso, ou até mesmo que o iriam fazer…Isso seria o expectável, mas não aconteceu.
Resumindo, age-se de forma desonesta, passando por cima do anúncio de um projecto que já estava em preparação, deitando a perder todos os recursos que foram em si investidos, apenas porque “não se gosta” da Associação que os anunciou. Afinal…esta luta é contra a tauromaquia ou contra a ANIMAL?
As/os activistas não devem, em nosso entender, ser tratados como pouco inteligentes, e devem, antes de mais, ser respeitados e não serem enganados. A ANIMAL tem provado ao longo dos seus 16 anos de existência que, *o único objectivo*, repetimos, *único*, que persegue é a defesa dos animais.
Não é sério nem decente agir da forma acima descrita, e cremos que qualquer pessoa pode entender isto; basta colocar-se na mesma situação.
Esta comunicação pretende ser apenas uma chamada de atenção para a falta de respeito e honestidade para com o trabalho da ANIMAL, ou seja, falta de respeito pelos sócios e activistas que apoiam o trabalho desta organização, e, mais grave ainda, falta de respeito pelos animais que estes defendem. Infelizmente, a boa intenção nem sempre chega, e cabe às/aos activistas escolherem se querem ver um pouco além do óbvio ou não.
A ANIMAL nunca fez em público qualquer menção negativa a outro grupo, nomeadamente ao PPA. Infelizmente, o mesmo tratamento não recebemos, e quando perguntámos para quê dizer em plena antena aberta de televisão “esses do Campo Pequeno são os da ANIMAL, não são os do PPA” (comportamento que a ANIMAL nunca teve, embora seja apelidada de separatista), a resposta que obtivemos foi “é preciso demarcarmo-nos da ANIMAL”. Quem é separatista, afinal?
A ANIMAL comunica sempre que todos os grupos são bem-vindos a juntarem-se aos protestos, desde que concordem com os objectivos destes e que não tragam cartazes ofensivos e desde que ajam em conformidade com o que a ANIMAL defende, incluindo o PPA, que, felizmente, tem sempre representantes nos protestos da ANIMAL, e que leva os seus cartazes, tal como a AVP leva, ou o CREA levam, mas não entendemos porque é que participam se depois “querem demarcar-se da ANIMAL”. A ANIMAL participa, sempre que pode e deve, em acções de outros grupos (quer nacionais, como a POB, o CREA ou a AVP, quer internacionais), e nunca, até hoje, se imiscuiu na organização desses. Respeitamos o espaço de quem organiza e sabemos estar no nosso lugar, de acordo com as situações, e é também por isso que nos temos mantido activos ao longo de tantos anos. Se quisessemos o protagonismo (???) de que nos acusam, iriamos para os protestos dos outros fazer discursos, ou dizer “se vieram com a ANIMAL, venham para aqui”. As/os activistas lembrar-se-ão se quiserem ser justas/os se alguma vez viram este tipo de comportamento por parte desta Organização.
Apesar deste lamentável e muito triste evento (completamente desnecessário, se tivesse havido boa-fé), a ANIMAL seguirá com os planos que preparou, e espera, sinceramente, que tudo corra pelo melhor para os animais, e que não se dupliquem esforços sem necessidade. Se a ANIMAL se regesse por interesses pessoais, o que faria para evitar polémicas e aborrecimentos, seria desistir desta campanha e dedicar-se-ia a todo o restante trabalho que tem em mãos, e que não é pouco. Esse seria o caminho fácil e que traria menos “falatório”, mas, infelizmente, os animais não têm culpa nenhuma dos disparates que se cometem em nome da sua defesa (onde parece que tudo vale), e, por acreditarmos que o nosso contributo e “know-how” poderão ajudá-los mais do que demagogias e simpatias, que, em rigor, servem de pouco aos animais, mas de muito aos humanos, continuaremos. Caberá às/aos activistas avaliar e recordar o que foi dito e feito, e agirem em conformidade. Esta comunicação da ANIMAL pretende apenas expôr os factos sem torná-los pessoais. O trabalho que fazemos é pelos animais, pois se fosse pessoal, preocupar-nos-íamos em angariar simpatia e esta comunicação nunca teria sido escrita.
Pelos Animais,
Rita Silva
Presidente da Direcção