(Por Paulo Julião. In “Diário de Notícias”, 25 de Abril de 2009)
Viana tornou-se a primeira cidade contra este espectáculo, mas outras seguem-lhe as pisadas. Criadores temem a perda de receitas e de empregos. Cavaleiros manifestam-se hoje no Norte.
Os criadores de touros de lide portugueses estão apreensivos com a recente "onda" antitouradas registada em vários municípios do País e temem pela perda de centenas de empregos, lembrando que, anualmente, só na criação, o negócio envolve mais de dez milhões de euros.
"Em Portugal há uma centena de ganadarias que no total criam todos os anos cerca de 3000 touros, o suficiente para as nossas necessidades. A uma média de 3500 euros cada touro, está fácil de ver o que está em causa", explicou ao DN João Santos Andrade, presidente da Associação de Criadores de Toiros de Lide.
Segundo números da própria instituição, só as ganadarias portuguesas empregam directamente mais de um milhar de trabalhadores, entre tractoristas, campinos e outras profissões, num negócio anual de dez milhões de euros.
"É uma actividade económica que movimenta muito dinheiro, inclusivamente impostos. Sem espectáculos tauromáquicos, não há trabalho e a actividade deixa de existir", apontou. Da actual produção anual de touros em Portugal, cerca de 2400 são destinados aos espectáculos no País e os restantes seguem para Espanha (20% do total) e França.
Para além dos criadores, o negócio tauromáquico em Portugal, bandarilheiros, tratadores, cavaleiros, moços de espada, moços de arena, "estamos a falar de largos milhares de pessoas que trabalham nestas lides", esclarece João Santos Andrade, sendo que só em termos de ganadarias, existe produção desde o Mondego até ao Algarve e Açores.
Segundo dados da associação, em 2008 registaram-se 250 espectáculos tauromáquicos em Portugal, alguns envolvendo assistências na ordem das 2000 a 3000 pessoas, entre corridas de touros, festivais, novilhadas, vacadas, grupos cómicos, largadas de touros e picarias.
Espectáculos que nos últimos meses começaram a ser postos em causa em várias localidades do País, desde Viana do Castelo - que se declarou a primeira cidade antitouradas - passando por Cascais, Braga e Póvoa de Varzim (ver texto em baixo).
"No último século sempre vimos pessoas contra e a favor das touradas. Mas ultimamente, a oposição a estes espectáculos tem sido mais visível, isso é um facto", reconhece João Santos.
Mais de 70 cavaleiros são esperados hoje numa marcha pacífica pelas ruas da cidade de Viana do Castelo, que culminará com a concentração frente à câmara em protesto contra a decisão desta autarquia de tornar o município "antitouradas", explicou um dos promotores.
"Será uma forma de mostrar o nosso descontentamento para com a câmara municipal, por proibir as corridas de touros no concelho. Estamos a movimentar-nos para que isso não aconteça nos próximos anos", explicou Carlos Durães, da organização.
Recorde-se que através de uma resolução tomada pelo executivo camarário a 27 de Fevereiro deste ano, Viana do Castelo tornou-se na primeira "Cidade antitouradas", com a autarquia a defender que o perfil de "município saudável" é "incompatível com este atentado aos direitos dos animais". Já que "na realização de espectáculos tauromáquicos se provoca tortura e sofrimento injustificado", declarou Defensor Moura (PS), presidente da câmara.
Uma decisão que vem na sequência da compra, pelo município, da Praça de Touros para receber um espaço científico.
Por seu turno, a associação "Animal" entregou esta semana ao presidente da Câmara de Viana do Castelo um prémio para saudar a decisão da autarquia.
"Naquele espaço, a designar de Praça da Vida, vai ser construído um Centro de Ciência Viva, onde os jovens das nossas escolas vão estudar a vida e os animais", explica o presidente da autarquia.
A Praça de Touros vai dar origem à Praça da Vida", diz Defensor Moura. "É uma iniciativa histórica, uma grande decisão, mas uma gota de água no oceano da tauromaquia. De qualquer forma acreditamos que é uma questão de tempo até que esta indústria caia por completo", afirmou Rita Silva, da Associação Animal.
"Acreditamos que em 2009 outras autarquias sigam este exemplo", continua o presidente da câmara Defensor Moura. Ainda na quarta-feira a capital da Venezuela, Caracas, declarou-se antitouradas, "por isso estamos no bom caminho", concluiu.
Viana tornou-se a primeira cidade contra este espectáculo, mas outras seguem-lhe as pisadas. Criadores temem a perda de receitas e de empregos. Cavaleiros manifestam-se hoje no Norte.
Os criadores de touros de lide portugueses estão apreensivos com a recente "onda" antitouradas registada em vários municípios do País e temem pela perda de centenas de empregos, lembrando que, anualmente, só na criação, o negócio envolve mais de dez milhões de euros.
"Em Portugal há uma centena de ganadarias que no total criam todos os anos cerca de 3000 touros, o suficiente para as nossas necessidades. A uma média de 3500 euros cada touro, está fácil de ver o que está em causa", explicou ao DN João Santos Andrade, presidente da Associação de Criadores de Toiros de Lide.
Segundo números da própria instituição, só as ganadarias portuguesas empregam directamente mais de um milhar de trabalhadores, entre tractoristas, campinos e outras profissões, num negócio anual de dez milhões de euros.
"É uma actividade económica que movimenta muito dinheiro, inclusivamente impostos. Sem espectáculos tauromáquicos, não há trabalho e a actividade deixa de existir", apontou. Da actual produção anual de touros em Portugal, cerca de 2400 são destinados aos espectáculos no País e os restantes seguem para Espanha (20% do total) e França.
Para além dos criadores, o negócio tauromáquico em Portugal, bandarilheiros, tratadores, cavaleiros, moços de espada, moços de arena, "estamos a falar de largos milhares de pessoas que trabalham nestas lides", esclarece João Santos Andrade, sendo que só em termos de ganadarias, existe produção desde o Mondego até ao Algarve e Açores.
Segundo dados da associação, em 2008 registaram-se 250 espectáculos tauromáquicos em Portugal, alguns envolvendo assistências na ordem das 2000 a 3000 pessoas, entre corridas de touros, festivais, novilhadas, vacadas, grupos cómicos, largadas de touros e picarias.
Espectáculos que nos últimos meses começaram a ser postos em causa em várias localidades do País, desde Viana do Castelo - que se declarou a primeira cidade antitouradas - passando por Cascais, Braga e Póvoa de Varzim (ver texto em baixo).
"No último século sempre vimos pessoas contra e a favor das touradas. Mas ultimamente, a oposição a estes espectáculos tem sido mais visível, isso é um facto", reconhece João Santos.
Mais de 70 cavaleiros são esperados hoje numa marcha pacífica pelas ruas da cidade de Viana do Castelo, que culminará com a concentração frente à câmara em protesto contra a decisão desta autarquia de tornar o município "antitouradas", explicou um dos promotores.
"Será uma forma de mostrar o nosso descontentamento para com a câmara municipal, por proibir as corridas de touros no concelho. Estamos a movimentar-nos para que isso não aconteça nos próximos anos", explicou Carlos Durães, da organização.
Recorde-se que através de uma resolução tomada pelo executivo camarário a 27 de Fevereiro deste ano, Viana do Castelo tornou-se na primeira "Cidade antitouradas", com a autarquia a defender que o perfil de "município saudável" é "incompatível com este atentado aos direitos dos animais". Já que "na realização de espectáculos tauromáquicos se provoca tortura e sofrimento injustificado", declarou Defensor Moura (PS), presidente da câmara.
Uma decisão que vem na sequência da compra, pelo município, da Praça de Touros para receber um espaço científico.
Por seu turno, a associação "Animal" entregou esta semana ao presidente da Câmara de Viana do Castelo um prémio para saudar a decisão da autarquia.
"Naquele espaço, a designar de Praça da Vida, vai ser construído um Centro de Ciência Viva, onde os jovens das nossas escolas vão estudar a vida e os animais", explica o presidente da autarquia.
A Praça de Touros vai dar origem à Praça da Vida", diz Defensor Moura. "É uma iniciativa histórica, uma grande decisão, mas uma gota de água no oceano da tauromaquia. De qualquer forma acreditamos que é uma questão de tempo até que esta indústria caia por completo", afirmou Rita Silva, da Associação Animal.
"Acreditamos que em 2009 outras autarquias sigam este exemplo", continua o presidente da câmara Defensor Moura. Ainda na quarta-feira a capital da Venezuela, Caracas, declarou-se antitouradas, "por isso estamos no bom caminho", concluiu.