Presidente de Viana do Castelo em entrevista à SIC Online
(Por Isabel Marques da Silva. In "SIC Online", 24 de Abril de 2009)
Ao declarar Viana do Castelo cidade antitouradas, o presidente da Câmara, Defensor de Moura, quer que o município sirva de exemplo de modernidade e possa ajudar na implementação progressiva deste tipo de mentalidade por todo o país. O autarca socialista considera o recuo do Governo nos touros de morte em Barrancos, em 2002, "uma das nódoas mais negras de qualquer Ministério".
O presidente da Câmara de Viana do Castelo, que declarou a cidade antitouradas, em Fevereiro, diz "confiar pouco nos referendos" e defende antes "um debate profundo e decisões políticas corajosas". Questionado pela SIC Online sobre o apelo de algumas organizações não governamentais europeias para que o Parlamento Europeu organize um referendo sobre touradas, o autarca prefere que esta matéria seja de competência dos poderes eleitos.
Por isso, não compreende como é que Portugal reabriu o regime de excepção de touros de morte em Barrancos (em 2002, com Durão Barroso como primeiro-ministro).
"É das nódoa mais negras da actuação de qualquer ministério", disse Defensor de Moura, que tenta a nível local criar uma tendência que possa vir a ser seguida no resto do país.
Dar o exemplo é fundamental
"Braga e Cascais já indicaram que não querem ser cidades associadas a touradas. Penso que é bom existirem cidades em Portugal a dar o exemplo para que haja uma espécie de alastrar da "mancha de óleo" a favor do respeito pelos animais", acrescenta.
Defensor de Moura diz que Viana não tem perfil de cidade de touradas e que nos últimos 15 anos tomou medidas de sustentabilidade e respeito pelos mais variados direitos, que culminou no facto de ser pioneira na fundação da rede portuguesa de cidades saudáveis (pertence também à rede europeia e organiza este ano um congresso internacional sobre o tema).
Face ao argumento da tradição secular de touradas em algumas cidades (sobretudo no Ribatejo e Alentejo), o autarca considera que não chega para justificar a prática que considera desajustada dos novos valores das sociedades modernas."
A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi aprovada há 60 anos e mesmo assim há situações na actualidade como Guantánamo e Darfur. A questão é que tem de haver uma implementação e interiorização progressiva dos ganhos civilizacionais", diz Defensor de Moura.
Respeito pelas leis internacionais
O autarca considera ser falsa a questão alegada pela vereação PSD de que os cidadãos devem poder optar entre assistir ou não a este tipo de espectáculo. "
A liberdade de cada um acaba nos direitos dos outros. O sofrimento e sacrifício de animais é incompatível com o perfil de um país que subscreveu, em 1978, a Declaração dos Direitos dos Animais, da UNESCO", afirma.
Sobre outros espectáculos envolvendo animais como lutas de cães ou galos, o autarca é veementemente contra mas admite uma outra postura no caso do circo.
"É diferente na medida em que não há sacrifício físico do animal, que estará mais afectado psicologicamente por viver numa jaula. Aí coloca-se a questão de avaliar as condições de vida que lhes são proporcionadas", concluiu.
(Por Isabel Marques da Silva. In "SIC Online", 24 de Abril de 2009)
Ao declarar Viana do Castelo cidade antitouradas, o presidente da Câmara, Defensor de Moura, quer que o município sirva de exemplo de modernidade e possa ajudar na implementação progressiva deste tipo de mentalidade por todo o país. O autarca socialista considera o recuo do Governo nos touros de morte em Barrancos, em 2002, "uma das nódoas mais negras de qualquer Ministério".
O presidente da Câmara de Viana do Castelo, que declarou a cidade antitouradas, em Fevereiro, diz "confiar pouco nos referendos" e defende antes "um debate profundo e decisões políticas corajosas". Questionado pela SIC Online sobre o apelo de algumas organizações não governamentais europeias para que o Parlamento Europeu organize um referendo sobre touradas, o autarca prefere que esta matéria seja de competência dos poderes eleitos.
Por isso, não compreende como é que Portugal reabriu o regime de excepção de touros de morte em Barrancos (em 2002, com Durão Barroso como primeiro-ministro).
"É das nódoa mais negras da actuação de qualquer ministério", disse Defensor de Moura, que tenta a nível local criar uma tendência que possa vir a ser seguida no resto do país.
Dar o exemplo é fundamental
"Braga e Cascais já indicaram que não querem ser cidades associadas a touradas. Penso que é bom existirem cidades em Portugal a dar o exemplo para que haja uma espécie de alastrar da "mancha de óleo" a favor do respeito pelos animais", acrescenta.
Defensor de Moura diz que Viana não tem perfil de cidade de touradas e que nos últimos 15 anos tomou medidas de sustentabilidade e respeito pelos mais variados direitos, que culminou no facto de ser pioneira na fundação da rede portuguesa de cidades saudáveis (pertence também à rede europeia e organiza este ano um congresso internacional sobre o tema).
Face ao argumento da tradição secular de touradas em algumas cidades (sobretudo no Ribatejo e Alentejo), o autarca considera que não chega para justificar a prática que considera desajustada dos novos valores das sociedades modernas."
A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi aprovada há 60 anos e mesmo assim há situações na actualidade como Guantánamo e Darfur. A questão é que tem de haver uma implementação e interiorização progressiva dos ganhos civilizacionais", diz Defensor de Moura.
Respeito pelas leis internacionais
O autarca considera ser falsa a questão alegada pela vereação PSD de que os cidadãos devem poder optar entre assistir ou não a este tipo de espectáculo. "
A liberdade de cada um acaba nos direitos dos outros. O sofrimento e sacrifício de animais é incompatível com o perfil de um país que subscreveu, em 1978, a Declaração dos Direitos dos Animais, da UNESCO", afirma.
Sobre outros espectáculos envolvendo animais como lutas de cães ou galos, o autarca é veementemente contra mas admite uma outra postura no caso do circo.
"É diferente na medida em que não há sacrifício físico do animal, que estará mais afectado psicologicamente por viver numa jaula. Aí coloca-se a questão de avaliar as condições de vida que lhes são proporcionadas", concluiu.