sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vitória: Não haverá "sortes de varas" nos Açores

VITÓRIA: Graças aos esforços cívicos e democráticos de informação e pressão das organizações de defesa dos animais dos Açores e da ANIMAL, Assembleia Legislativa Regional dos Açores rejeitou proposta para legalização da brutal prática tauromáquica das “sortes de varas” nos Açores

Ontem foi um dia de expectativa e de tensão para os defensores dos animais de todo o país e, em particular, para os defensores dos animais dos Açores – e para os muitos açorianos que são contra as touradas ou que, pelo menos, não são favoráveis às “sortes de varas”. A Assembleia Legislativa Regional dos Açores ia finalmente votar, durante o dia de ontem, uma proposta subscrita por quase metade dos deputados desta Assembleia (de todos os partidos, à excepção do BE e do PCP) que tinha como objectivo legalizar esta brutal prática tauromáquica – também conhecida como “tourada picada” (pode ver uma reportagem da SIC que mostra bem o que e quão brutais são as “sortes de varas”, em http://blogdaanimal.blogspot.com/2009/05/vergonha-corridas-picadas-nos-acores.html) – na Região Autónoma dos Açores.

Chegou quase a ser dada como certa a legalização desta barbaridade, até que, nos últimos dias, colocou-se a hipótese de deputados da região mudarem de sentido de voto – sobretudo deputados do PS, depois do Presidente do Governo Regional dos Açores ter dito que, apesar de não haver disciplina de voto, ele, embora sendo aficcionado das touradas, era pessoalmente contra a “sorte de varas” (ao contrário do que fez a líder regional do PSD, que nunca referiu qual era a sua posição sobre esta matéria), o que terá influenciado a alteração do sentido de voto de deputados socialistas.

Este volte-face aconteceu, porém, graças à fortíssima e exemplar pressão cívica e mediática que se desencadeou no sentido de denunciar aquilo que muitos parlamentares açorianos queriam legalizar. Além dos esforços de pressão cívica e política nacional e internacional que a ANIMAL desencadeou a partir do Continente, levando a que milhares de e-mails contra a legalização das “sortes de varas” chegassem às caixas de correio electrónico das autoridades governamentais e legislativas da República e da Região Autónoma dos Açores, houve um trabalho absolutamente notável desenvolvido pela Associação Ecológica Amigos dos Açores, dirigida por Sérgio Diogo Caetano, e pelo Colectivo Açoriano de Ecologistas, dirigido por Teófilo Braga.

Estas duas associações regionais desdobraram-se em esforços, declarações e tomadas de posição no sentido de evitar que os Açores viessem a ser palco de touradas com “sortes de varas” legalizadas. Por isso, a ANIMAL só pode saudar vivamente o trabalho árduo, ético, sério e, como se vê, eficaz destas duas associações, de todas as pessoas destas associações que participaram nestes esforços e, em especial, de Sérgio Diogo Caetano e de Teófilo Braga pelo trabalho que desenvolveram para travar este enorme retrocesso que acabou, felizmente, por não se registar.

A ANIMAL saúda também os grupos parlamentares do BE e do PCP na Assembleia Legislativa Regional dos Açores por, desde o princípio, se terem oposto à legalização das “sortes de varas” na região. De igual modo, a ANIMAL saúda os 20 deputados do PS e os cinco deputados do PSD que votaram contra esta medida.

Em declarações à Lusa, Sérgio Diogo Caetano declarou que o movimento gerado nos últimos tempos contra as “sortes de varas” "vai continuar a lutar pelo bem estar animal".

Pela parte da ANIMAL, fica, mais uma vez, o compromisso vincado de continuar a trabalhar em defesa dos direitos de todos os animais, até que eles sejam respeitados e protegidos de acordo com o que a sua dignidade impõe.