domingo, 7 de setembro de 2008

Apesar da proibição do Tribunal - Espectáculo de "rodeio" vai realizar-se

(In “Observatório do Algarve”, 6 de Setembro de 2008)

O espectáculo de "rodeio" previsto para hoje numa feira em Estói, Faro, vai realizar-se apesar da proibição decretada pelo Tribunal de Faro.

O espectáculo vai mesmo realizar-se, uma vez que, segundo a organização, não estará a ser cometida qualquer "ilegalidade".

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Rodeo (APR) afirmou que o espectáculo, integrado na competição nacional da modalidade, vai mesmo realizar-se hoje à noite na Feira do Cavalo de Estoi.

Segundo José Manuel Carvalho, as autoridades locais apenas colocaram obstáculos à realização do evento caso fosse feito nos moldes descritos na providência cautelar apresentada por uma associação de defesa dos animais.

De acordo com a "Animal", os "rodeios" são espectáculos cruéis, que não respeitam os animais, razão pela qual decidiram apresentar uma providência cautelar ao Tribunal de Faro, que decretou a sua proibição.

A proibição vinculava a empresa Megalqueva, responsável pela Junta de Freguesia de Estói e a Câmara de Faro, ordenando a estas entidades que se abstivessem de realizar o "rodeio", sob pena de multa, lê-se na sentença.

Contudo, o presidente da APR conseguiu com os restantes organizadores levar o espectáculo avante, porque, afirma, a sua realização não contempla "quaisquer ilegalidades", já que se baseia um conceito diferente dos rodeios americanos ou brasileiros.

No documento apresentado ao tribunal, a associação "Animal" sublinhava que mesmo nos Estados Unidos e no Brasil, de onde são originários este tipo de espectáculos, já houve proibições idênticas, pelo grau de crueldade de que se revestem.

José Manuel Carvalho contrapõe dizendo que o "rodeio" preparado para ser apresentado hoje em Estói se trata apenas de "montadas em cavalos e touros bravos", sem infligir maus-tratos aos animais.

Aquele responsável diz que a organização do evento já enviou para o Ministério Público (MP) de Faro um documento onde é usado o princípio do contraditório, explicando-se as características do espectáculo.

Por seu turno, Miguel Moutinho, presidente da ANIMAL, considera o caso "absolutamente escandaloso" e critica, em comunicado, a GNR de Faro, por não acatar a proibição decretada pelo tribunal.

"O que o Comandante do Posto da GNR de Faro está a fazer é absolutamente ilegítimo e a todos os títulos censurável", conclui a associação de defesa dos direitos dos animais.