Deputados ao Parlamento Europeu instados a ouvir o que querem os seus eleitores depois de sondagem ter demonstrado um esmagador apoio público a proibições de actividades de experimentação animal na União Europeia
A Coligação Europeia para a Abolição das Experiências com Animais (European Coalition to End Animal Experiments – ECEAE), uma coligação de 18 organizações de protecção dos animais de toda a Europa, entre as quais se conta a ANIMAL, que é o membro português desta coligação, está a pedir aos deputados ao Parlamento Europeu que integram o Comité de Agricultura para ouvirem os seus eleitores relativamente ao sentido de voto que devem seguir na revisão da directiva que regulamenta a experimentação animal (Directiva 86/609/EEC), num especialmente importante momento de voto neste Comité que ocorrerá no final deste mês.
Este pedido que está a ser endereçado aos eurodeputados surge no decurso de um inquérito à opinião pública realizado em seis estados-membros da União Europeia. Os resultados desta sondagem estão a ser tornados públicos de modo a que a publicitação destes coincida com a apresentação do relatório do Comité de Agricultura no Parlamento Europeu hoje, dia 9 de Março. Espera-se que este relatório seja apresentado a todos os eurodeputados no início de Maio.
A sondagem foi realizada pela importante empresa de sondagens YouGov nos seguintes países: República Checa, França, Alemanha, Itália, Suécia e no Reino Unido. Esta sondagem demonstra que a opinião pública europeia contrasta fortemente com as propostas que se encontram presentemente em cima da mesa. De acordo com estas propostas, entre outros aspectos, os investigadores manteriam o direito a: (1) fazerem experiências com primatas, cães e gatos para qualquer fim; (2) causarem sofrimento a animais que seja tanto severo como prolongado; (3) e a repetidamente re-utilizarem o mesmo animal em experiências dolorosas. O sistema continuaria a ser altamente secreto e, na maior parte dos casos, os investigadores nem sequer precisariam de obter permissão das entidades governamentais para realizarem experiências com animais.
Os resultados da sondagem demonstram que:
- 81% das pessoas inquiridas concordam ou concordam fortemente que a nova lei deve proibir todas as experiências que causem dor ou sofrimento a primatas
- 79% das pessoas inquiridas concordam ou concordam fortemente que a nova lei deve proibir todas as experiências com animais que não estejam relacionadas com a investigação de condições clínicas sérias que afectem a vida humana
- 84% das pessoas inquiridas concordam ou concordam fortemente que a nova lei deve proibir todas as experiências que causem dor ou sofrimento severos a qualquer animal
- 80% das pessoas inquiridas concordam ou concordam fortemente que toda a informação acerca das experiências com animais deve estar publicamente acessível, excepto a informação que é confidencial e a informação que permita identificar os investigadores e onde estes trabalham
- 73% das pessoas inquiridas discordam ou discordam fortemente que a nova lei deva permitir experiências que causem dor ou sofrimento a gatos
- 77% das pessoas inquiridas discordam ou discordam fortemente que a nova lei deva permitir experiências que causem dor ou sofrimento a cães
A ECEAE lançou esta semana uma campanha europeia cujo objectivo é impedir os investigadores de continuarem simplesmente a praticarem as suas actividades com crueldade, sacrificando 12 milhões de animais de animais em experiências todos os anos na Europa. A campanha 12 Milhões de Razões reflecte as preocupações expressas pelos cidadãos da União Europeia e incluirá o recurso a diversos meios de publicidade.
A União Europeia tem presentemente uma oportunidade histórica para eliminar os métodos de experimentação animal, que são métodos de investigação cruéis e não fiáveis, passando a recorrer a métodos científicos fiáveis, seguros e éticos, adequados aos século XXI e ao que se espera da ciência.
Para Miguel Moutinho, Presidente da ANIMAL, “Esta sondagem demonstra que uma larga maioria das cidadãs e cidadãos europeus apoiam proibições-chave de actividades de experimentação animal, particularmente nas que afectam primatas, cães e gatos. E, nos casos em que as pessoas admitem a continuação da experimentação animal, admitem-no apenas nos casos em que, acreditam, isso possa ser importante para a investigação de condições clínicas sérias que possam pôr em causa a vida humana. Ora, os eurodeputados que são membros do Comité de Agricultura devem reflectir este elevado nível de preocupação e devem escolher métodos científicos modernos e éticos, adequados à ciência do século XXI.”
“Nunca houve uma oportunidade tão boa e importante como a presente para a UE tomar medidas legislativas que ponham fim ao sofrimento infligido a 12 milhões de animais por ano no espaço comunitário. Os políticos europeus ocupam os seus cargos para servirem o público europeu e não para tomarem medidas que agradem apenas a multi-milionária indústria de experimentação animal, para prejuízo dos animais, da ciência e, afinal de contas, das cidadãs e cidadãos europeus”, afirmou a Vice-Presidente da ANIMAL, Rita Silva.
Nota: Todos os valores apresentados, a não ser quando citados de outro modo, são da empresa de pesquisas de opinião YouGov Plc. A amostra total foi de 7139 adultos. O inquérito foi realizado entre 24 de Fevereiro e 4 de Março de 2009. A sondagem foi realizada online. Os números foram avaliados de modo a serem representativos das dimensões populacionais dos países inquiridos. A sondagem foi realizada na República Checa, França, Alemanha, Itália, Suécia e no Reino Unido.