Adeptos não entendem a razão de a prática ser proibida em Portugal e legal em Espanha
(Por Paulo Silva Reis. In "Semanário Transmontano", 17 de Abril de 2009)
As lutas de galos também têm tradição e continuam a acontecer, embora de forma camufladaTratam-nos como animais de estimação, mas gostam de os ver à luta. As “lutas de galos” estão a ganhar adeptos nos concelhos de Chaves e de Montalegre. Em Portugal, a prática é proibida, mas do lado de lá da fronteira é legal, o que revolta os aficcionados, que optam por fazê-las em garagens. Em apostas, uma única disputa pode render cinco mil euros.
As chegas de bois não detêm o exclusivo das lutas de animais promovidas no Alto Tâmega. As lutas de galos também têm tradição e continuam a acontecer, embora de forma mais camuflada. Por norma, e por serem proibidas, ao contrário do que acontece em Espanha, no concelho de Chaves, são feitas em garagens e durante a madrugada.
Normalmente, acontecem depois de “petiscadas” entre amigos. Os organizadores não cobram qualquer bilhete, nem fazem negócio com as lutas. Fazem-no apenas “para se divertir”, disse Carlos (nome fictício de um dos muitos flavienses que se juntam para observarem a luta dos galos), para questionar: “Em algumas regiões, até aqui bem perto, sabe-se que fazem as chegas de bois e, nós, numa brincadeira de amigos, não podemos chegar os galos?”. “É lamentável que aqui seja proibido e a dez quilómetros já o possamos fazer”, observa.
Para Carlos, os galos são uma paixão e, por isso, garante que não gosta de os ver sofrer. “Gostamos de observar a luta, o aproximar dos galos, o seu envolvimento, mas eu não gosto de os ver sofrer”, afiança. E para provar que gosta mesmo dos animais assegura que os alimenta e trata convenientemente “Até remédio das lombrigas que se dá às crianças e outros para respirarem melhor lhes dou”, garante o criador, que já teve mais de uma centena de galos.
O preço dos melhores lutadores atinge valores impensáveis. Há quem tenha pago mais de 1.500 euros por um único galo vindo do México. Além disso, também é frequente a realização de apostas, apesar de um elevado número de pessoas assistir apenas para se divertir. Tanto em Chaves como na vizinha Galiza, uma única chega de galos pode render mais de cinco mil euros em apostas.
Nas localidades raianas realizam-se entre quatro a seis chegas de galos por mês. Os espanhóis não têm qualquer problema em confirmar a sua existência, garantindo mesmo que os melhores galos “são os que vêm de Chaves”, mas quando questionados sobre as lutas de morte, apesar de explicarem como funcionam, dizem não saber onde se fazem.
“As lutas de morte não são bem como as pessoas dizem”, disse outro dos apaixonados da luta de galos que vive do outro lado da fronteira, Manuel (nome fictício). “No meio de tantas apostas, temos os que, quando acreditam fielmente no seu galo, e como estamos sempre entre amigos que gostam de comer, apostam o próprio galo, ou seja, o animal que perder tem de morrer e ir para a panela”, confessou Manuel.
Além disso, haverá também locais onde a luta só termina com a morte de um dos galos. “Nunca assistimos”, garantiram, no entanto, alguns dos aficcionados presentes na luta de galos que o Semanário TRANSMONTANO presenciou. Contudo, muitos garantiram que “até bisturis chegam a prender nas patas dos animais”.
O que diz a Lei da Protecção dos Animais?
Segundo a lei, em Portugal, “são proibidas todas as violências injustificadas contra animais, considerando-se como tais os actos consistentes, sem necessidade, se infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões a um animal”. A lei que proíbe as lutas de galos refere que é ilícito utilizar animais em treinos, experiências ou divertimento, pondo em confronto os animais uns contra os outros. No entanto, é legal “a realização de touradas, sem prejuízo da indispensabilidade de prévia autorização do espectáculo nos termos gerais e nos estabelecidos nos regulamentos próprios”.
Normalmente, as lutas entre animais são considerados actos clandestinos que envolvem apostas. No caso de Portugal, a lei não distingue as lutas feitas entre amigos, das lutas que são feitas sob apostas.
Padre Fontes diz que tradição é antiga
António Lourenço Fontes, o padre de Vilar de Perdizes que ficou conhecido pelos congressos de Medicina Popular e pelas comemorações das sextas-feiras 13 na região do Barroso, garante que esta é uma tradição muito antiga “no Norte de Portugal e na vizinha Espanha”. Segundo o pároco, o “jogo do galo” acontece em dia de domingo gordo, ou seja antes do Entrudo”. De acordo com o padre Fontes, que em 1982 escreveu mesmo um livro com o título “O jogo do galo na Península Ibérica”, o jogo do galo ou luta de galos tem vários nomes e varia de terra para terra.
(Por Paulo Silva Reis. In "Semanário Transmontano", 17 de Abril de 2009)
As lutas de galos também têm tradição e continuam a acontecer, embora de forma camufladaTratam-nos como animais de estimação, mas gostam de os ver à luta. As “lutas de galos” estão a ganhar adeptos nos concelhos de Chaves e de Montalegre. Em Portugal, a prática é proibida, mas do lado de lá da fronteira é legal, o que revolta os aficcionados, que optam por fazê-las em garagens. Em apostas, uma única disputa pode render cinco mil euros.
As chegas de bois não detêm o exclusivo das lutas de animais promovidas no Alto Tâmega. As lutas de galos também têm tradição e continuam a acontecer, embora de forma mais camuflada. Por norma, e por serem proibidas, ao contrário do que acontece em Espanha, no concelho de Chaves, são feitas em garagens e durante a madrugada.
Normalmente, acontecem depois de “petiscadas” entre amigos. Os organizadores não cobram qualquer bilhete, nem fazem negócio com as lutas. Fazem-no apenas “para se divertir”, disse Carlos (nome fictício de um dos muitos flavienses que se juntam para observarem a luta dos galos), para questionar: “Em algumas regiões, até aqui bem perto, sabe-se que fazem as chegas de bois e, nós, numa brincadeira de amigos, não podemos chegar os galos?”. “É lamentável que aqui seja proibido e a dez quilómetros já o possamos fazer”, observa.
Para Carlos, os galos são uma paixão e, por isso, garante que não gosta de os ver sofrer. “Gostamos de observar a luta, o aproximar dos galos, o seu envolvimento, mas eu não gosto de os ver sofrer”, afiança. E para provar que gosta mesmo dos animais assegura que os alimenta e trata convenientemente “Até remédio das lombrigas que se dá às crianças e outros para respirarem melhor lhes dou”, garante o criador, que já teve mais de uma centena de galos.
O preço dos melhores lutadores atinge valores impensáveis. Há quem tenha pago mais de 1.500 euros por um único galo vindo do México. Além disso, também é frequente a realização de apostas, apesar de um elevado número de pessoas assistir apenas para se divertir. Tanto em Chaves como na vizinha Galiza, uma única chega de galos pode render mais de cinco mil euros em apostas.
Nas localidades raianas realizam-se entre quatro a seis chegas de galos por mês. Os espanhóis não têm qualquer problema em confirmar a sua existência, garantindo mesmo que os melhores galos “são os que vêm de Chaves”, mas quando questionados sobre as lutas de morte, apesar de explicarem como funcionam, dizem não saber onde se fazem.
“As lutas de morte não são bem como as pessoas dizem”, disse outro dos apaixonados da luta de galos que vive do outro lado da fronteira, Manuel (nome fictício). “No meio de tantas apostas, temos os que, quando acreditam fielmente no seu galo, e como estamos sempre entre amigos que gostam de comer, apostam o próprio galo, ou seja, o animal que perder tem de morrer e ir para a panela”, confessou Manuel.
Além disso, haverá também locais onde a luta só termina com a morte de um dos galos. “Nunca assistimos”, garantiram, no entanto, alguns dos aficcionados presentes na luta de galos que o Semanário TRANSMONTANO presenciou. Contudo, muitos garantiram que “até bisturis chegam a prender nas patas dos animais”.
O que diz a Lei da Protecção dos Animais?
Segundo a lei, em Portugal, “são proibidas todas as violências injustificadas contra animais, considerando-se como tais os actos consistentes, sem necessidade, se infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões a um animal”. A lei que proíbe as lutas de galos refere que é ilícito utilizar animais em treinos, experiências ou divertimento, pondo em confronto os animais uns contra os outros. No entanto, é legal “a realização de touradas, sem prejuízo da indispensabilidade de prévia autorização do espectáculo nos termos gerais e nos estabelecidos nos regulamentos próprios”.
Normalmente, as lutas entre animais são considerados actos clandestinos que envolvem apostas. No caso de Portugal, a lei não distingue as lutas feitas entre amigos, das lutas que são feitas sob apostas.
Padre Fontes diz que tradição é antiga
António Lourenço Fontes, o padre de Vilar de Perdizes que ficou conhecido pelos congressos de Medicina Popular e pelas comemorações das sextas-feiras 13 na região do Barroso, garante que esta é uma tradição muito antiga “no Norte de Portugal e na vizinha Espanha”. Segundo o pároco, o “jogo do galo” acontece em dia de domingo gordo, ou seja antes do Entrudo”. De acordo com o padre Fontes, que em 1982 escreveu mesmo um livro com o título “O jogo do galo na Península Ibérica”, o jogo do galo ou luta de galos tem vários nomes e varia de terra para terra.